sábado, 4 de junho de 2016

Carta para um futuro melhor

Moro na Barra da Tijuca desde os doze anos, e atualmente, aos quarenta, sinto necessidade de ajudar, fazer um serviço voluntário, um trabalho de resgate para o que percebo vir crescendo muito depressa em meu bairro: crianças e adolescentes de rua. Vejo todos os dias o engarrafamento de veículos de quatro rodas, os ambulantes vendendo balas e biscoitos, as buzinas, todo o caos que se forma ao redor da Cidade das Artes, enquanto que dentro dela, existe uma profunda paz e silêncio reinantes. Percebo com isto, que posso e devo fazer algo para mudar este quadro em desequilíbrio constante nos últimos anos. Gostaria de apresentar à Cidade das Artes um projeto de cidadania, um projeto que diga não às crianças de rua, algo para resgatá-las do abandono e colocá-las dentro do cenário artístico e cultural, com atividades de pinturas ao ar livre, por áreas estendidas e determinadas dentro do espaço Cidade das Artes. Além disto, colocá-las para apreciar e aprender música, grafite, gravura, escultura, desenho, moda, fotografia, literatura, todo o tipo de arte, aproveitando este enorme espaço criado para tal propósito. Lá no sul da Bahia em Trancoso, há um espaço maravilhoso ligado à música clássica, perfeitamente bem aproveitado, no meio da paisagem natural da mata nativa. Em Niterói, no MAC, Museu Oscar Niemeyer, houve certa vez um desfile considerado icônico, com manequins descendo as ladeiras arredondadas da estrutura acimentada, tudo patrocinado pela marca francesa Louis Vuitton. No Rio de Janeiro temos o Teatro Municipal e a alguns quilômetros de distância, na Barra da Tijuca, temos a estrondosa Cidade das Artes. Posso imaginar que a Casa esteja aberta a muitas propostas. Por falar em Casa, em Portugal, na Cidade do Porto, existe a Casa da Música, admirável lugar onde muitos músicos, cantores e cantoras de todas as nações têm se apresentado. Cursei Belas Artes, na UFRJ, por isso tenho este projeto. Na verdade, tal quimera é um sonho a ser realizado. Penso por mim, penso pela sociedade, penso pelas crianças. Haveria possibilidade de apresentar meu projeto à Cidade das Artes? Muito obrigada, Anika (E após longa espera... eis a questão: Os responsáveis pela leitura de e-mails responderam o meu apelo? Não! E sem sombra de dúvida: nem vão! Organizações Fantasma não respondem a chamados de plebeus, só sinalizam aos Godzillas. Não se preocupam com os pequenos, só se ocupam com os grandes. E lá estão, os Gods Jaspions nipônicos. Durante a Olimpíada 2016 do Rio de Janeiro, os olhinhos puxados assinaram contratos, irão patrocinar a Casa por um período vasto; a Cidade das Artes sediou assim a Casa do Japão para enfim comunicar e avisar sobre os Jogos Olímpicos de Tokyo 2020.) Bom, então só me sobra desejar um Arigatô, um Sayonará e sabe-se até quando ou até lá!)