terça-feira, 3 de junho de 2008

Voar, pousar, observar

Ando meio cansada de planejar meu futuro.
Desde pequenininha já pensava nisso.
Sempre me imaginei direitinho, fazendo previsões, e no fim das contas, acertando o que eu seria aos 15, 18, 20, 22, 25, 27 anos.
A proximidade e o peso dos 30, caminhava a passos ligeiros e foi-me dando um arrepio daqueles de animal que fareja perigo a poucos metros.
Eu, sempre dona de mim, estava virando uma vítima da sociedade copiadora dos costumes ideais.
Fossem norte-americanos, fossem europeus e agora Pequim, mandarim. No Japão, tudo errado, chineses, costumes chineses. Japoneses, não seria bem o caso.
Antes fossem esses costumes, tais quais muito mais avançados.
O momento chegado do verde-amarelo e da ordem e progresso tupiniquim, não chegava nem perto do querer e fazer o bem, não importasse a quem.
Do alto dos meus de repente trinta, passei a enxergar que havia chegado a hora do momento salve-se quem puder, cada um por si e por favor, na sua gaiola.
Deu a louca agora!
E a doida diz:
Prefiro assistir de fora esse espetáculo das andorinhas atrás dos pardais.
É engraçado, irritante, atormentador, embaraçante.
Serve para revelar tanto, e que nada acontece se você não se mexe, pois tudo roda.
A coruja, quem diria, tem cara de coroa, mas em sua alma vive uma pomba-rola.
O beija-flor com cara de novinho, não passa de um velho ligeirinho.
Escolha um animal de asas e o eleja seu espelho.
Voe, pouse, observe.
O planejamento agora virá.